O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou recentemente uma nova legislação que institui o Crédito do Trabalhador, um programa voltado para empregados da iniciativa privada que possuem carteira assinada (CLT), incluindo motoristas e entregadores de aplicativos. Esse importante passo para a inclusão financeira dos trabalhadores foi formalizado com a publicação da norma no Diário Oficial da União, uma medida que tem o potencial de beneficiar milhões de brasileiros.
A iniciativa, que já havia sido introduzida por meio de uma Medida Provisória em março, aguardava a confirmação do Congresso Nacional para se tornar lei. Desde então, dados do governo indicam que mais de R$ 21 bilhões foram movimentados através de cerca de 4 milhões de contratos, beneficiando mais de 3,1 milhões de trabalhadores. Isso representa uma média de crédito de aproximadamente R$ 6.781,69 por trabalhador, com prazos de pagamento que variam em torno de 19 meses.
O programa se destaca especialmente por atender uma parcela significativa da população com restrições ao acesso ao crédito. Estatísticas do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) revelam que cerca de 60% dos empréstimos estão concentrados em trabalhadores que recebem até quatro salários mínimos. Esse grupo, que historicamente enfrentou barreiras para obter crédito com condições vantajosas, agora tem uma nova oportunidade de financiamento a taxas médias de juros de 3,56% ao mês.
Motoristas de aplicativo e a nova legislação
Uma das mudanças mais significativas trazidas pela nova lei é a inclusão dos motoristas de aplicativos. Essa categoria, que ganhou relevância com o crescimento das plataformas digitais, poderá acessar o crédito, desde que haja um convênio entre a plataforma em que trabalham e as instituições financeiras. Nesse formato, os valores recebidos pelos motoristas nos aplicativos servirão como garantia para a concessão do empréstimo.
É importante ressaltar que a concessão de crédito para motoristas de aplicativos poderia ter algumas nuances que dependem da estrutura do convênio firmado. Além disso, o presidente Lula também vetou dispositivos que previam o compartilhamento de dados pessoais, considerando que isso poderia violar a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Essa preocupação com a privacidade do trabalhador é um ponto positivo em meio às inovações.
Como funciona o crédito consignado CLT
Para ter acesso ao crédito, o trabalhador precisa acessar diretamente o site ou aplicativo de seu banco. Após a escolha da instituição, ele deve autorizar o compartilhamento de dados do eSocial, um sistema que unifica informações trabalhistas. Em até 24 horas após essa autorização, o trabalhador receberá ofertas personalizadas de crédito.
O montante a ser descontado da folha de pagamento fica limitado a 35% do salário bruto, o que inclui comissões e benefícios. Essa margem é uma proteção importante, garantindo que o trabalhador não comprometa toda a sua renda com o pagamento das parcelas. Além disso, esse modelo permite que quem já possui outros empréstimos consignados possa migrar para um novo contrato, desde que as taxas de juros sejam menores.
Se um trabalhador for desligado da empresa, o valor devido será descontado de suas verbas rescisórias, respeitando os limites legais. Se essa receita for insuficiente para liquidar a dívida, o pagamento das parcelas será suspenso até que o funcionário consiga um novo emprego.
O papel do Comitê Gestor das Operações de Crédito Consignado
A nova lei também estabelece a criação do Comitê Gestor das Operações de Crédito Consignado, que terá a responsabilidade de definir os parâmetros e as condições dos contratos. Esse comitê será composto por representantes da Casa Civil, do MTE e do Ministério da Fazenda, e terá um papel crucial na supervisão das operações de crédito, garantindo seu bom funcionamento e a proteção dos direitos dos trabalhadores.
Entendendo as taxas de juros
As taxas aplicadas ao crédito consignado CLT são significativamente mais baixas do que as cotadas em empréstimos pessoais não consignados, que variam entre 6,50% e 8,77% ao mês, com uma média de 8,1%. Para os beneficiários do INSS, a taxa é ainda mais acessível, fixada em 1,80% ao mês. Essa diferença é um ponto crucial, visto que muitos trabalhadores que buscam crédito estão em situações financeiras delicadas e necessitam de condições mais justas para quitar suas dívidas.
Como deve ser a fiscalização do MTE
O MTE será responsável pela fiscalização dos empregadores, assegurando que todos os procedimentos relativos aos descontos e aos repasses dos valores das prestações estejam sendo seguidos corretamente. Em caso de irregularidades, como descontos indevidos ou falta de repasse ao banco, o empregador poderá enfrentar penalidades, incluindo multas administrativas. Esse aspecto é fundamental para garantir que os direitos dos trabalhadores sejam respeitados.
Lula sanciona crédito consignado para CLT, incluindo motoristas de app
A recente sanção do Crédito Consignado representa um avanço significativo para os trabalhadores brasileiros, especialmente para aqueles que, devido a circunstâncias econômicas, lutam para ter acesso a uma linha de crédito justa. O impacto se estende a motoristas de aplicativos, que agora podem formalizar suas atividades e ter acesso facilitado a financiamento, permitindo que sejam parte integrante da economia formal.
Essa mudança é uma resposta à necessidade de maior inclusão financeira e à proteção dos direitos dos trabalhadores, refletindo um compromisso do governo em cuidar das camadas mais vulneráveis da população. Assim, é esperado que essa ação traga um novo fôlego para aqueles que desempenham funções essenciais na sociedade e que, muitas vezes, ficam à margem no que tange ao acesso a recursos que podem melhorar sua qualidade de vida.
Perguntas frequentes
Como posso me inscrever para o crédito consignado CLT?
Você pode se inscrever através do site ou aplicativo do banco onde tem conta. Será necessário autorizar o uso dos dados do eSocial.
Quais são as taxas de juros do crédito consignado CLT?
As taxas médias de juros estão em torno de 3,56% ao mês, mas para beneficiários do INSS, a taxa é de 1,80% ao mês.
Os motoristas de aplicativo podem obter crédito consignado?
Sim, desde que haja um convênio entre a plataforma de trabalho e as instituições financeiras.
Qual é o limite de comprometimento da minha renda?
O valor máximo a ser comprometido com o pagamento das parcelas é de 35% do seu salário bruto.
O que acontece se eu for desligado da empresa?
Se você for desligado, o valor devido será descontado de suas verbas rescisórias, e o pagamento das parcelas será interrompido até que você consiga um novo emprego.
Como o MTE vai fiscalizar os contratos?
O MTE será responsável por verificar se os empregadores estão seguindo corretamente os procedimentos de desconto e repasse para as instituições financeiras.
A sanção do Crédito Consignado representa uma mudança positiva no cenário econômico do Brasil. Com a inclusão de uma nova camada de trabalhadores no sistema de crédito consignado, especialmente motoristas de aplicativo, o governo busca promover a cidadania financeira e fomentar um novo modelo de consumo responsável, contribuindo assim para um futuro mais promissor.
Ao final, essa legislação pode ser vista como um sinal de que o Brasil está caminhando para um sistema mais inclusivo e justo, permitindo que a população tenha acesso a recursos que podem transformar suas vidas.


